Os problemas e como um Diretor de Centro deve enfrentá-los

Este artigo é mais um da série que estou fazendo sobre minha candidatura a Diretor do Centro de Área de Música e Musicoterapia da UNESPAR – Campus Curitiba II.

A série completa:

Sou candidato a diretor de Centro de Área

Porque acho que tenho qualidades para ser Diretor de Centro

Os problemas e como um Diretor de Centro deve enfrentá-los

–x–

É difícil falar sobre os principais problemas da FAP, porque são muitos. A rigor pouca coisa funciona como deveria, e o caminho para nos tornarmos um verdadeiro departamento universitário é longo e penoso.

Nós temos em relação ao que será o Centro de Área de Música e Musicoterapia duas agudas dificuldades: falta de estrutura física e falta de material humano.

Nós temos no momento apenas uma sala adequada para aulas de música, que é a sala 3 do Bloco 1. Além disso, considero que temos dois grandes projetos acadêmicos, que ainda funcionam de maneira precária: o Centro de Atendimento e Estudos em Musicoterapia (CAEMT) e o Laboratório de Linguagens Sonoras e Música Eletroacústica. Temos ainda os grupos musicais permanentes, que a rigor não recebem nenhum apoio institucional e nem estrutura.

Em relação a este cenário, eu considero que uma direção de centro de área deveria lutar para criar uma estrutura mínima.

(1) São necessárias novas salas com tratamento acústico – pelo menos mais 3, para aulas de instrumento (violão, piano, flauta, percussão) e de matérias práticas como harmonia, arranjo e composição.

(2) É necessário de maneira urgente um auditório em condições de sediar eventos musicais.

(3) É necessário criar estrutura de espaço físico e apoio institucional para os grupos e projetos que já existem. O Estúdio de música vem adquirindo equipamentos por meio de editais de fomento, mas não tem um espaço físico adequado para sua instalação. O CAEMT precisa de melhorias na sua estrutura. O coral, o grupo de música antiga e a Orquestra Latino Americana precisam de estrutura e material de apoio.

(4) É necessário um melhor gerenciamento do espaço, adequando horários e ensalamento e otimizando o uso do espaço hoje existente.

(5) É urgente criar um espaço de trabalho para as coordenações de curso, reuniões de colegiados e comissões, bem como atendimento a alunos e orientações (hoje feitos na sala dos professores, cantina, pátio, etc.)

(6) A Direção de Centro deverá trabalhar pela implantação de novos programas acadêmicos: mais grupos musicais permanentes, um Centro de Documentação Musical / Acervo de Música (capaz de acomodar partituras e outros materiais de forma a tornar-se um centro de pesquisa em história da música, musicologia e áreas afins), um Laboratório de Educação Musical. Quanto a estas medidas, temos professores com ótimos projetos, que poderão dar contribuições bem melhores do que as propostas que estou esboçando aqui – a grande questão é que a Direção de Centro tem que ser um canal de viabilização de projetos institucionais, que hoje não tem por onde ser realizados.

(7) É totalmente vergonhoso que o acervo da biblioteca não receba atualização. Nem os livros indicados nas bibliografias dos professores são comprados. A Direção de Centro deverá tornar a aquisição de bibliografia atualizada uma prática corriqueira e constante. A última aquisição de materiais da área de música já vai para uns bons 5 anos.

A questão da falta de material humano é mais complexa e mais grave. Hoje temos colegiados pequenos e com déficit de professores. Será necessário usar os canais políticos existentes (e criar novos) para obter novas vagas. Em relação ao quadro hoje existente na FAP, a Direção de Centro precisará implantar uma política efetiva de apoio à capacitação docente e ao desenvolvimento da pesquisa. O objetivo a ser alcançado é termos 100% de professores doutores com dedicação exclusiva vinculados a projetos de pesquisa.

Essa realidade está muito distante, mas deve ser um alvo. Quando essa condição for uma realidade, teremos um grande ganho de qualidade no ensino e na inserção social dos nossos cursos.

A realidade que temos hoje é de professores sobrecarregados de aulas e atividades administrativas, com pouco tempo para pesquisa, preparação de aulas, atendimento a alunos e orientação de projetos. É urgente reverter este quadro, e uma coisa que pode ser feita de imediato, bastando dar transparência à administração dos recursos existentes, é apoiar a participação dos professores em congressos e eventos acadêmicos, bem como trazer convidados de fora para eventos na FAP.

Nas áreas que competem ao Centro de Música e Musicoterapia, o que se viu em anos recentes foi um completo esvaziamento dos eventos acadêmicos: nem mesmo as semanas de curso acontecem mais, por absoluta falta de recursos e apoio institucional. A Direção de Centro deverá ter como missão reverter este quadro, e voltar a promover os eventos, investindo pesadamente em sua qualidade acadêmica.

Embora ainda não esteja claro como será a estrutura de agentes universitários vinculados aos centros de área, já é possível saber que as atribuições do centros (com direção e conselho) demandam uma estrutura que ainda não existe, e precisará ser criada. É completamente absurdo que a FAP tenha uma proporção tão pequena de funcionários em relação ao número de cursos, alunos e professores.

Sobretudo, não há hoje uma política de apoio ao trabalho e ao desenvolvimento profissional dos agentes. Essa deverá ser uma bandeira da Direção de Centro. Será necessário aumentar a equipe, e criar condições melhores para os agentes desempenharem seu trabalho. Grande parte dos problemas apontados acima passa pela questão da falta de pessoal e de condições de trabalho entre os agentes, o que deverá ser uma prioridade política da Direção de Centro.

Em relação aos alunos, mais uma vez temos uma carência completa de estrutura de apoio. Não há salas para os Centros Acadêmicos e para um possível Diretório. Não há espaços adequados de convivência, além de serem os alunos os que mais sofrem com toda a precariedade estrutural diagnosticada acima. Faltam ainda os diversos tipos de política de apoio estudantil, cujo atendimento deve começar a ser realizado por ações da Reitoria, mas no que for possível a Direção de Centro deve se posicionar de maneira clara e favorável. No mínimo os alunos precisam se bem atendidos em questões relativas ao funcionamento das aulas, ensalamento e horários, atividades de pesquisa e extensão, acervo da biblioteca, grupos permanentes, espaço de desenvolvimento e exercício profissional (salas de estudo, monitoria, Iniciação Científica, Grupos Musicais, Extensão, Cursos, Estágio).

Tudo poderia começar com pequenas medidas: por exemplo, viabilizar o uso da sala de pianos com horários de estudo no contraturno, pois hoje os alunos que não tem piano em casa não podem estudar. O mesmo poderia ser feito com prática de conjunto e outros espaços.

As ideias aqui são vagas, mas o principal é ter um canal aberto para ouvir as demandas estudantis e estabelecer políticas de atendimento às questões identificadas.

Nem todas as propostas esboçadas aqui são factíveis no curto prazo, e muitas outras poderiam ser levantadas. A questão principal é: como Diretor de Centro eu pretendo iniciar um ciclo de melhorias institucionais que deverão apontar para caminhos e soluções de médio prazo. Se não começar nunca chegaremos ao resultado. A fórmula para realização de melhorias importantes só pode ser uma atuação colegiada, com total transparência no uso dos recursos destinados à estrutura do Centro de Área. O Diretor não é dono dos recursos, é seu administrador, as decisões devem ser feitas em Conselho, com o máximo de participação da comunidade.

É preciso também construir uma estrutura em que a Direção de Centro funcione como um catalisador de projetos capaz de encaminhar propostas consistentes aos órgãos de fomento. Por um lado, há recursos disponíveis por parte dos órgãos de fomento (CAPES, CNPQ, Fundação Araucária, FINEP, MINC, entre outros), mas faltam projetos qualificados para recebê-los. Por outro lado, professores e alunos tem projetos maravilhosos, mas não há estrutura administrativa na FAP para captar os recursos e transformar as boas ideias em realidade.

Se eu tiver que resumir a ideia em poucas palavras: nossa estrutura é precária, tanto em espaço físico, material humano e cultura político administrativa – a receita para enfrentar esta situação calamitosa só pode passar pelo aproveitamento máximo do potencial de tantas pessoas que fazem a grandeza da FAP. Os agentes empenhados em trabalhar como se fossem muitos, os professores fazendo mais do que se exige para se manterem atualizados e trabalhando além do razoável, os alunos empenhados nos estudos e em contornar as deficiências existentes para fazer do curso o melhor possível. A potencialização deste material humano é o único caminho possível – são as pessoas que fazem a instituição e é isso que nos dá esperança.


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