O Atlético garantiu o acesso sábado (24/11), num clássico muito disputado contra o Paraná Clube. O jogo estava 1×1 e o Paraná pressionou muito no fim do jogo, com o zagueiro Cléberson (que tinha feito o gol do Atlético no primeiro tempo, seu primeiro como profissional) tirando uma bola com a cabeça em cima da linha.
Caso a bola fatídica tivesse entrado, o Atlético amargaria mais um ano de segundona (pois o São Caetano, concorrente direto, venceu seu jogo), correndo o risco de ficar como o Paraná, que vai ano que vem para a 6ª temporada seguida na Série B, e vai se afundando no pântano financeiro que condena o futuro do clube.
O Coritiba também garantiu a permanência na Série A com os resultados da rodada de domingo. Perdeu para o Cruzeiro por 2×1, num jogo em que foi amplamente dominado pela Raposa (como progrediu o time azul com a entrada de Martinucio!), mas ficou garantido por causa do empate do Sport, que já não ameaça superar o Coritiba na última rodada.
Ambos os clubes tiveram desempenho em 2012 bem abaixo do seu potencial.
O Atlético era o maior e mais rico clube na Série B em 2012, tinha obrigação de ficar em primeiro. Ficou apenas em terceiro, com a mesma pontuação do quarto e do quinto colocados, levando vantagem no critério de desempate. Trocou muito de técnico durante o ano, e foi construindo um elenco ao longo da temporada, o que vem sendo uma constante no clube em anos recentes. Para mim está óbvio que Petraglia não deu o salto prometido de gestão, e o Atlético terá de avançar muito para não ficar no sobe-e-desce.
A falta de seu estádio não é justificativa, pois a má fase foi crônica nos tempos em que tinha a Arena. E o exemplo do Coritiba serve de comparação: mesmo sem poder jogar metade do ano no Couto Pereira, o clube conquistou o estadual e a Série B em 2010.
Já o Coritiba teve um 2012 sofrível. Chegou novamente à final da Copa do Brasil aproveitando o fato de que os melhores clubes do país não disputam o torneio, coisa que aconteceu pela última vez em 2012. A partir de 2013 os clubes mais competitivos estarão na Copa do Brasil, pois o torneio não irá mais concorrer com a Libertadores no calendário da CBF.
E novamente o Coritiba perdeu a final para um clube que jogava futebol pior que o seu. Em 2011 o Vasco tinha chegado à final empatando seus jogos mas fazendo mais gols fora de casa. O Coritiba tinha chegado vencendo praticamente todos os jogos (um empate e duas derrotas nos 12 disputados), mas não teve força na final. O Vasco se consolidou no Brasileirão depois do título, e acabou como um dos melhores times da temporada. Já em 2012 o Coritiba perdeu a decisão para um Palmeiras que termina o ano rebaixado no Brasileirão.
A estratégia da diretoria se mostrou errada: livrar-se dos jogadores mais caros que não estavam rendendo bem: Marcos Aurélio, Davi, Leo Gago, Leonardo, Bill – foram jogadores que terminaram 2012 em baixa por excesso de contusões, falta de motivação ou mesmo limitação técnica (no caso do camisa 9). Outros saíram mesmo estando em boas condições, como Jéci e, principalmente, Leandro Donizeti.
Todos estes jogadores fizeram muita falta em 2012, e as reposições não ficaram à altura. Só no fim do ano é que um novo quarteto ofensivo “encaixou” nos jogos – com Everton Ribeiro, Rafinha, Lincoln e David. Mas a retaguarda do Coritiba teve o pior desempenho da era dos pontos corridos: se não levar gols do Figueirense na última rodada, termina tão vazada como em 2009 e 2005. Foram anos de rebaixamento, quando o Coritiba tomou 60 gols no Brasileirão, mas em 2005 eram 42 rodadas, e não 38.
O Coritiba só não caiu em 2012 porque a concorrência esteve mais fraca. Seria bom não ficar tentando contar sempre com este tipo de sorte.
Ou seja:
Que bom que vamos ter atletiba de novo na Série A. Ficamos sem essa emoção em 2006, 2007, 2010 e 2012. E o futebol paranaense está muito menor do que já foi. Não faz tanto tempo tínhamos 3 clubes na Série A e 1 na Série B.
Mas será preciso trabalhar muito para que o Atletiba da rodada final de 2013 não seja um abraço de afogados.
Está cada dia mais difícil concorrer com o “tsunami” de dinheiro que está entrando dos direitos de TV para os 12 clubes maiores. Creio que a realidade do Brasileirão agora que se consolidam os pontos corridos está bem descrita por analistas de peso como o Leonardo Mendes Júnior (neste texto em seu blog Bola no corpo, no portal da Gazeta), ou o Maurício Brum (nesta ótima análise para o blog Impedimento).
Se considerarmos diversos fatores como desempenho atual do time principal, condições financeiras de se manter nos próximos anos, e desempenho nas categorias de base capaz de alimentar o time profissional no futuro próximo, vemos que são poucos os clubes em condições de serem competitivos no Brasil hoje.
Basicamente: São Paulo, Corinthians, Santos, Fluminense, Internacional e Grêmio.
Logo abaixo vêm clubes que tem títulos recentes e bons desempenhos, mas um péssimo horizonte administrativo e financeiro, que fazem pesar nuvens espessas sobre suas cabeças: Cruzeiro, Palmeiras, Vasco, Botafogo e Flamengo.
O Atlético MG passou tanto tempo mal que hoje é difícil avaliar se tem consistência para continuar competitivo por mais tempo, ou se o desempenho em 2012 foi ponto fora da curva como o Flamengo de 2009.
E mais abaixo vêm os times de fora dos chamados “12 grandes”. Isso inclui os times de estados menos importantes no futebol, como Paraná, Santa Catarina, Bahia, Pernambuco, Ceará, Goiás.
Aí é que estão colocadas as possibilidades da dupla Atletiba. Qualquer possibilidade de sair dessa zona morta e ascender a uma disputa contra os cambaleantes do andar de cima (como o Atlético fez entre 2001 e 2005, e o Coritiba esboçou fazer em 2008 e 2011) passa por uma soma de fatores.
Ambos os clubes têm que ser administrados sem nehuma margem de erro na parte financeira. Precisam contratar jogadores bons e baratos. Não podem perder bons jogadores formados em sua base sem compensação financeira (como o Coritiba fez em 2008, o que acabou selando sua ruína em 2009). Têm de manter em dia seus estádios e centros de treinamentos sem com isso tirar dinheiro indispensável ao departamento de futebol (o Coritiba parece ter conseguido um equilíbrio quanto a isso, mas não está certo se a conclusão da Arena não levará o Atlético a uma ruína financeira, até porque o amplo uso de recursos públicos está sendo devidamente contestado). Precisam, obviamente, investir nos sócios como fonte de recursos seguros (como fazem magistralmente os clubes do Rio Grande do Sul). Precisam evitar o risco do endividamento e das contratações mirabolantes que não dão resultado (nunca me esqueço do caso Mathäus no Atlético).
Acho que é isso.
Rivalidades á parte, este blogueiro coxa branca saúda os atleticanos pela subida. É claro que torci para o Paraná fazer o gol perdido. Mas aquilo foi no calor da hora. Pensando com a cabeça, prefiro o Atletiba na primeira divisão, o futebol paranaense forte e o bom espetáculo nos estádios da minha cidade.
Aproveito para deixar aqui minhas saudações aos dois atleticanos mais ilustres da cultura curitibana: Artur Freitas e Lydio Roberto.
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Uma resposta para “Vai ter atletiba de novo na Série A”
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