O primeiro turno do estadual terminou com o Coritiba na frente. Se vencer também o segundo, o alviverde fica com o título. Se outro vencer, provocará final em dois jogos. Desta vez, ao contrário do regulamento do ano passado, está prevista diferença de saldo na final como critério para definir o campeão.
Com esse resultado, o Coritiba deu um passo importantíssimo para o tetracampeonato, coisa que não acontece desde o hexa de 1971-76. Aliás, o primeiro tetra do alviverde foi exatamente o primeiro campeonato estadual que ocorreu após o nascimento deste escriba. Fim de ano eu já vou fazer 40 – o que mostra como é coisa rara esse negócio.
Coisa rara também o Londrina chegar à decisão do estadual. O time foi campeão pela última vez em 1992, e de lá pra cá andou passando maus bocados. Maus bocados também passou o Coritiba a partir de 1986, passando longos anos sem vencer o estadual e longe da 1ª divisão do Brasileirão. De 2010 pra cá o Coritiba vem se consolidando como um clube bem administrado e sustentável, quiçá isso esteja chegando também para o Londrina, um clube com uma belíssima tradição.
Não há possibilidade de um campeonato paranaense interessante sem um Londrina forte, e o jogo de hoje provou isso. Foi um jogo digno de final de campeonato – e era só a final do turno. Mais de 30 mil pessoas ressuscitaram o Estádio do Café como um palco de grandes decisões, e o Londrina jogou como campeão praticamente o jogo inteiro, dominando a maior parte do tempo.
Mas teve um momento em que pesou o longo tempo longe das grandes decisões, e o nervosismo de estar perto demais de um título que não poderia escapar. O Coritiba sabe bem o que é isso, basta lembrarmos das duas finais de Copa do Brasil em 2011 e 2012, quando o Coritiba foi derrotado por times inferiores tecnicamente, mas com camisas mais “pesadas”, mais acostumados a jogar grandes decisões.
Não que o Londrina seja um time superior ao Coritiba hoje. Foi superior durante o jogo, mas não o suficiente para sair com o título. O gol de Alex, que foi o da vitória e o do título do turno, ocorreu num momento de “apagão” do Londrina, que parou inteiro para reclamar da arbitragem um pretenso toque de mão do zagueiro Pereira (foi com a barriga mesmo, como dá pra ver nos insistenes replay mostrados pela TV). O camisa 10 do Coritiba aproveitou o contra-ataque e a ausência dos zagueiros do Londrina para fazer o gol. No meio das reclamações, um zagueiro do Londrina expulso praticamente selou o destino da partida. Ainda seriam jogados mais de 20 minutos, e o Londrina tinha time para virar o jogo – mas desde então ficou sem condições emocionais de fazer o seu placar.
A classificação do primeiro turno acabou assim:
clube | pontos | vitórias | gols | saldo |
Coritiba | 27 | 8 | 23 | 19 |
Londrina | 23 | 7 | 25 | 17 |
Paraná | 20 | 5 | 15 | 7 |
J Malucelli | 17 | 5 | 14 | 1 |
Atlético | 14 | 3 | 13 | 2 |
Arapongas | 14 | 2 | 11 | 3 |
Paranavaí | 13 | 3 | 12 | -6 |
Toledo | 12 | 2 | 13 | 1 |
Operário | 12 | 2 | 11 | -3 |
Cianorte | 11 | 3 | 11 | -5 |
Rio Branco | 10 | 2 | 9 | -14 |
Nacional | 1 | 0 | 6 | -22 |
Note-se que o Londrina e o Coritiba abriram um abismo de gols e saldo em relação aos demais clubes, confirmando um certo favoritismo que eu previ no início do campeonato. O Atlético superou as dificuldades de seu time sub-23 e consolidou-se como 5ª força no estado, sob os protestos de sua torcida, que cobra a participação do time principal. Quando o Atlético tirar o chinelinho dos jogadores principais, corre o sério risco de acontecer o mesmo que fez o Santos na final do Mundial de Clubes com o Barcelona, quando seus jogadores, de tanto serem poupados no certamente nacional, mal conseguiram se lembrar como era uma bola.
A terceira colocação do Paraná pode ser vista como uma decepção por alguns, mas em vista do que aconteceu com o Paraná nos anos recentes (estava na série B do Paranaense ano passado) obteve uma ótima posição. Principalmente, o Paraná demonstrou que voltou a ser um clube competitivo e organizado, disputando a liderança durante a maior parte do turno, e sendo a única equipe a vencer o Londrina (além do Coritiba). Pode não ser o suficiente para vencer o estadual (precisará crescer no segundo turno para superar Coritiba e Londrina), mas é bom indício de que o clube se dará ao respeito na Série B do Brasileirão (quem sabe se torna um candidato sério à promoção?) Vai depender mais da possibilidade de pagar os jogadores em dia.
O Coritiba não sobrou no primeiro turno não. Fez só o necessário para ficar na frente. A campanha foi a seguinte:
20/03 – Operário 0×0 Coritiba
23/03 – Coritiba 4×1 Paranavaí
27/03 – Cianorte 0×2 Coritiba
31/03 – Coritiba 1×0 J.Malucelli
03/02 – Paraná 0×0 Coritiba
06/02 – Coritiba 2×0 Nacional
09/02 – Arapongas 1×1 Coritiba
13/02 – Coritiba 3×1 Toledo
17/02 – Rio Branco 0×7 Coritiba
24/02 – Coritiba 2×1 Atlético
03/03 – Londrina 0×1 Coritiba
Um título de turno invicto, mas que só teve duas vitórias fáceis: contra o Paranavaí em casa e contra o Rio Branco fora.
O Coritiba deve continuar fazendo exatamente isso: jogando o mínimo necessário para o título, porque o Paranaense é importante mas não é prioridade. O principal é o Coritiba chegar em maio com um time entrosado e sem metade do elenco destroçada por contusões. Não apenas isso, Marquinhos Santos está testando várias formas de jogar e, principalmente, a habilidade de mudar a forma de jogo conforme a necessidade. O grande problema que o Coritiba teve nos tempos de Marcelo Oliveira foi a previsibilidade, que facilitou muito a vida dos adversários que passaram a jogar com muito mais disposição contra o alviverde depois daquele 6×0 no Palmeiras em 2011. O negócio é ter um time capaz de ganhar uma final de Copa do Brasil, e ir até o fim do ano entre os líderes no Brasileirão, para ficar pelo menos com uma vaga de Libertadores no horizonte.
O Londrina é mesmo a melhor coisa que aconteceu no Paranaense 2013: um time muito rápido, que troca passes com facilidade, se movimenta muito, faz muitos gols. Com um minuto de jogo já tinha carimbado o travessão do Coritiba. Com esse futebol que jogou no primeiro turno do Paranaense, o Londrina tem condições de jogar uma Série B subindo para a A. Mas vai ter que remar muito, pois seu desempenho no estadual o credencia para a Série D, e logo virão as dificuldades financeiras para manter o time funcionando com esse nível. Quem sabe o Tubarão apronta alguma surpresa na Copa do Brasil? Não duvido.
Agora vem o segundo turno, e o Londrina e o Coritiba seguem como favorios. Ligeira vantagem para o Coritiba, que fará o jogo decisivo no Couto Pereira, com grandes chances de eliminar a partida final. No fim das contas, quem pode decidir o segundo turno é o Atlético: ele enfrentará ambos, Londrina e Coritiba como mandante no segundo turno. Perdeu para ambos no primeiro turno, e talvez a única chance de não ver o tetra do Coritiba seja perder para o Londrina e arrancar uma vitória no Atletiba da penúltima rodada.
Comentários
Uma resposta para “O primeiro turno do Campeonato Paranaense 2013”
[…] Independente do que aconteça nas finais contra o Coritiba, nas quais está em jogo o tetra-campeonato alvi-verde, o Atlético sairá com saldo positivo. Porque todo mundo (principalmente eu) criticava como irresponsável a decisão da diretoria rubro-negra em colocar o time juvenil em campo no estadual. Ficou claro que o time de garotos do Atlético é um time forte, talvez mais que o time principal. No primeiro turno o time não tinha ritmo de jogo contra profissionais, senão para ficar numa quinta posição medíocre. Ressaltei isso quando comentei o primeiro turno aqui no meu blog. […]