Alex vivia dizendo que não era ídolo do Coritiba, porque não ganhou títulos pelo clube, contrariando a devoção da torcida. Também dizia, com exatidão, que tinha jogado pelo Coritiba na pior fase da história do clube.
Na verdade não foi a pior fase, foi só uma fase bem ruim, que veio depois da maior fase do clube e da maior hegemonia de um clube paranaense em toda a história. Se quiser conferir, olhe este post que o blog do Luis Carlos Betenheuser preparou com histórias e fotos de todos os 37 campeonatos estaduais. A questão era que nos 19 anos entre 1968 e 1986 o Coritiba ganhara 11 estaduais, além de ter sido semifinalista do Brasileirão em 1979 e 1980, e campeão em 1985. Em contrapartida, nos 16 anos entre 1987 e 2002, o Coritiba ganhou apenas 2 estaduais, e passou 5 anos na 2ª divisão nacional, ficando apenas uma vez entre os oito primeiros (1998).
Mas são águas passadas.
O Tetra 2010-2013 vem confirmar uma nova hegemonia Coxa no estado, coisa que só tinha acontecido na história alvi verde no hexa de 1971-76. O primeiro Tetra, obtido em 1974 foi quando eu ainda nem engatinhava.
Agora Alex pode estufar o peito e dizer que já tem título pelo Coritiba. É ídolo sim. Campeão, artilheiro do paranaense com 15 gols, melhor jogador do torneio, e nome do jogo na grande final. Comeu a bola, e ninguém tiraria dele a glória de triunfar em sua primeira final no Couto Pereira depois da volta ao clube que o revelou.
O jogo começou difícil, porque Vanderlei tomou um frangaço do chute de longe de Hernani. Parecia ali que podia se desenhar uma tragédia de amplas proporções, mas ironicamente o Atlético se retraiu após marcar o gol que lhe dava o título.
Isso, e mais a soberba armação tática desenhada por Marquinhos Santos, os problemas do Atlético e a gana de vencer de todos os jogadores que vestiam verde e branco desenharam uma vitória histórica.
Alex jogou na função que deverá jogar sempre: como atacante que vem pela entrada da área, e não como armador do meio de campo. Ou seja, o Coritiba tem uma linha de 3 homens de frente, com Deivid mais dentro da área, Rafinha pela ponta e Alex na entrada da área. Com os três jogando o que sabem, dificulta bastante a vida dos marcadores. Robinho fica como armador, mas também chega em velocidade para finalizar, e os volantes quando estão com a bola passam, avançam em velocidade e até finalizam, funções muito bem desempenhadas ontem por Gil e Junior Urso. Leandro Almeida e Chico formaram uma sólida dupla de zaga, e na lateral direita Victor Ferraz voltou em boa atuação.
Ontem o dia era do Coritiba, que fez valer como poucas vezes no campeonato sua maior qualidade técnica. Guardou o melhor para o final?
O 0x1 que dava o título ao Atlético não durou muito. Logo Alex roubou a bola no meio do campo, avançou em velocidade, passou para Deivid e aproveitou a sobre do corte da zaga atleticana para chutar da entrada da área, com força e no canto. 1×1 e o título ia voltando às devidas mãos. Ainda no primeiro tempo Alex recebeu cruzamento de Victor Ferraz, entrando como homem surpresa e escorando da entrada da pequena área. Rebote do goleiro e novo chute, para dentro das redes no momento da foto que ilustra este post.
No segundo tempo o Coritiba ainda perderia muitos gols, pelo menos dois chutes no travessão, um de Alex outro de Deivid. E com direito ao tradicional gol de Geraldo no final do jogo.
O estadual vem servindo como preparação de luxo para os torneios nacionais, mas o histórico recente demonstra que se dar bem no Paranaense pode não significar nada em comparação com a força de outros times nacionais. Enfrentar Atlético MG, Corinthians e Fluminense será outra história, mas o Coritiba tem condições de ficar na ponta de cima da tabela. Mais maduro para decisões, quem sabe não traz, finalmente, a Copa do Brasil?
Vai depender de Alex estar em seus momentos brilhantes diante de sua torcida em jogos decisivos. Porque ele é um dos maiores craques em atividade hoje no Brasil, e está em um time de bom nível.
Parece que as alegrias do torcedor Coxa não vão parar por aqui.