Atlético-PR 2×2 Coritiba: o primeiro jogo da final do Paranaense 2013

Geraldo comemorando o gol de empate (foto de Albari Rosa para a Gazeta do Povo)
Geraldo comemorando o gol de empate (foto de Albari Rosa para a Gazeta do Povo)

Da última vez que o Coritiba foi à Vila Olímpica do Boqueirão para enfrentar o Atlético, tomou um sonoro 3×1 pela 9ª rodada do segundo turno. Naquele jogo, a garotada do Atlético deu um baile, e o gol de honra do Coritiba foi aos 46 do segundo tempo, em cobrança de falta de Alex.

As explicações para aquela surpreendente derrota passaram pela motivação do jogo: valia muito para a garotada do Atlético, mas alegava-se que não era decisivo para os jogadores do Coritiba. Não é fato, o Coritiba ainda sonhava em ganhar o título sem precisar de finais. Não vi ninguém fazer isso, mas poderiam dizer que a ida frustrada à Paraíba, para o jogo que foi desmarcado por um mandato judicial, prejudicou a condição de jogo do Coritiba.

Desta vez a coisa era diferente. O Coritiba novamente tinha jogo na Paraíba no meio de semana, mas não era na quinta-feira, e sim na quarta. Desta vez o jogo aconteceu, mas o Coritiba mandou seu time reserva, que mesmo assim fez 3×0 – eliminando o jogo de volta.

O experiente time do Coritiba entrava em campo tendo que jogar para valer, afinal, agora ninguém poderia dizer que o jogo não valia nada.

Entraram em campo pelo Coritiba: Vanderlei; Gil, Leandro Almeida, Chico e Patric; Wiliam, Sérgio Manoel, Robinho e Alex; Rafinha e Deivid. Pelo Atlético: Santos; Léo, Rafael Zuchi, Bruno Costa e Renato; Renan Foguinho, Hernani e Zezinho; Edigar Junio, Crislan e Douglas Coutinho.

O time do Atlético é muito rápido, como aliás se espera de um time só com jogadores sub-23. Com três atacantes, veio armado para pressionar o Coritiba, e pressionou. Tinha a vantagem de enfrentar um time que tem uma defesa muito lenta, e que até hoje não tem uma linha de defesa titular. O Coritiba trouxe Gil para a lateral direita, pela ausência de Victor Ferraz. Na esquerda, também sem Denis Neves, a solução foi usar de novo Patric. E no meio, para fazer companhia a Leandro Almeida (o único dos 4 que é titular na posição), veio com Chico. Era a melhor opção, mas o Coritiba ainda não tem um zagueiro rápido, e isso fez falta contra a gurizada do Atlético.

Apesar disso o Atlético não levou perigo efetivo em muitas oportunidades: Vanderlei fez uma defesa no jogo. O gol de escanteio que pôs o Atlético na frente aos 33 do segundo tempo foi o único por mérito do ataque rubro negro. O primeiro gol do time, que igualou o placar aos 12 do primeiro tempo foi contra, erro exclusivo de Patric.

Do outro lado, o Coritiba tinha qualidade e levava perigo nos pés de Rafinha, Alex e Deivid. Time previsível – essa linha ofensiva do Coritiba é a mesma, e todo mundo conhece. Não há muita variação tática possível, e isso vai ser o principal problema alvi verde em toda a temporada. Basicamente, a única opção era Rafinha começar jogando pela esquerda e depois cair pela direita.

Conhecendo o jogo do Coritiba, o Atlético veio muito bem armado por Arthur Bernardes.  Alex mal pegou na bola, pois Renan Foguinho foi a sua sombra. A única jogada em que o 10 do Coritiba não estava marcado corretamente, ele entrou livre com a bola e inexplicavelmente permitiu que Santos a tirasse dos seus pés. Seria o 2×1, aos 23 do primeiro tempo.

Além da marcação individual sobre Alex, Léo também ficou incumbido de parar Rafinha. Quando o atacante do Coritiba inverteu o lado do campo (recurso que o Coritiba usa desde os tempos de Marcelo Oliveira), Léo foi com ele, abandonando a lateral direita. O defensor atleticano levou a melhor em quase todo jogo, quase sempre parando o 7 alvi verde com falta. Muitas delas não foram anotadas pelo árbitro, que também demorou muito para punir a seqüência com um amarelo – só aos 26 do segundo tempo.

Além da marcação especial em Alex e Rafinha, a área era guarnecida pelos dois zagueiros, ficando Deivid quase sempre bem marcado. Sobrava Robinho, o camisa 20, como único jogador capaz de criar alguma coisa pelo Coritiba – e ele realmente fez isso. Logo no início do jogo, recebeu bom passe de Gil, foi à linha de fundo e passou com precisão para a cabeçada de Deivid, que abriu o placar aos 4 minutos. Parecia que a coisa ia ficar fácil para o Coritiba, mas a patetada de Patric reequilibrou as ações.

Depois do 1×1 o jogo seguiu emperrado. Nem a velocidade do Atlético superava a linha de resguardo do Coritiba, nem os bem-marcados jogadores de frente alvi verdes conseguiam levar perigo.

Assim seguia o jogo até meados do segundo tempo quando Marquinhos Santos decidiu fazer uma mudança. Alex não conseguia achar seu lugar no jogo, muito bem marcado. O treinador tirou o principal craque, para colocar no lugar o único meia capaz de dar uma qualidade próxima ao comando de jogo do Coritiba: Lincoln, com a 99, que não jogava fazia tempo devido a uma contusão, e que tinha arrebentado tudo no jogo contra o Jota Malucelli (aquele 3×0 no Eco Estádio) da última vez que jogou. Seria uma ótima solução, afinal Lincoln surpreenderia a marcação do Atlético, e entraria se movimentando por todos os lugares do campo como sempre faz, mais até do que Rafinha.

O único problema é que no exato momento em que Alex saía para a entrada de Lincoln, o Atlético fazia o gol que lhe dava a vantagem no placar: 2×1. Logo após o gol, Arthur Bernardes tirou o atacante Crislan para colocar o zagueiro Erwin, pensando em segurar o resultado. E Marquinhos Santos, vendo que a vitória rubro negra colocava o Atlético numa situação bem confortável para ganhar o título com um empate no segundo jogo, resolveu arriscar um pouco mais. Sacou Sérgio Manoel e colocou Geraldo.

Bem, o Geraldo é um jogador contraditório. Em 2012 nem jogou pelo Coritiba. Esteve a maior parte do tempo emprestado para o Paraná, onde parece que também não jogou muito. É talentoso à beça, rápido e dribla bem. Em 2011 chegou a ser bastante utilizado por Marcelo Oliveira, mas quase sempre com o mesmo resultado: dribla demais sem efetividade, meio como aquele Marlos que usava a camisa 11 e depois foi para o São Paulo. Mas desta vez foi diferente, porque Geraldo foi tudo para o Coritiba. Na segunda vez em que pegou a bola, recebeu, matou com a esquerda e chutou de bico com a direita, da entrada da área. A matada tirou o marcador da jogada, e o chute foi rápido o suficiente para impedir a cobertura de Erwin e a defesa de Santos. 2×2 – estava selado o destino do jogo.

O Atlético demonstrou mais uma vez que seu sub-23 joga de igual para igual com o time principal do Coritiba. Velocidade, muito interesse no jogo e aplicação tática são as armas do time.

O resultado está aberto, afinal nada impede que os garotos surpreendam no Couto Pereira, o que seria uma tragédia de proporções poucas vezes vistas na história do Coritiba. O normal seria o Coritiba ganhar, ou até mesmo empatar como no ano passado, quando precisou decidir nos pênaltis.

Em 2013 o regulamento não prevê penais. O Atlético precisa ganhar para ser campeão, pois o Coritiba trouxe da primeira fase uma dupla vantagem: segundo jogo em casa e título com duplo empate. Chegou a hora de fazer valer esta vantagem.

Domingo que vem o Couto Pereira vai ser pequeno. Afinal, o Tetracampeonato estadual não vem para o Coritiba desde a lendária década de 1970, quando aconteceu pela primeira vez em 1974, poucos meses depois de eu nascer.